quarta-feira, 12 de junho de 2013

Como vamos não conseguiremos limitar a temperatura global dentro de níveis seguros

Não fui eu quem disse, foi a Agência Internacional de Energia: “O mundo não está caminhando para cumprir a meta de longo prazo de limitação da elevação da temperatura média global em 2 °C como acordado pelos governos. As emissões globais de gases de efeito estufa estão aumentando rapidamente e, em maio de 2013, o nível de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ultrapassou 400 partes por milhão pela primeira vez em centenas de milênios”.

Em relatório publicado nesta semana (10/06/2013) a AIE concorda com o grosso da produção científica recente e afirma que nosso clima já está mudando e que devemos esperar tanto a elevação do nível do mar quanto o aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos como tempestades, inundações e ondas de calor. A Agência disse ainda que a análise das políticas implantadas ou em discussão aponta que é mais provável a temperatura média global de longo prazo se elevar entre 3,6 °C e 5,3 °C do que se estabilizar em 2 °C acima das temperaturas pré-industriais.

Mas não precisamos nos desesperar (ainda). Segundo a AIE a meta de 2 °C continua tecnicamente viável, embora “extremamente desafiadora”.

O consumo global de energia está no cerne do problema e a AIE propõe quatro grupos de ações para mantermo-nos dentro do limite perseguido de 2 °C de aumento da temperatura:
1 - Adoção de medidas específicas (eu diria extremas) de conservação de energia (49% da redução de emissões necessária);
2 - Limitação da construção e do uso das centrais elétricas a carvão mineral de tecnologia menos eficiente (21%);
3 - Minimização das emissões de metano (CH4) na cadeia produtiva de petróleo e gás natural (18%);
4 - Aceleração da redução a zero dos subsídios ao consumo de combustíveis fósseis (12%).

Do meu ponto de vista, as ações de 1 a 3 são até possíveis, embora não confie que sejam tão efetivas como a AIE sugere. Mais difícil será reduzir - ou idealmente zerar - os subsídios à produção e ao consumo de combustíveis fósseis, dada a força das indústrias desta cadeia de valor.

O relatório Redrawing the Energy-Climate Map pode ser obtido em www.worldenergyoutlook.org/energyclimatemap.

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