quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mudanças climáticas, usinas a carvão e hipocrisia

Uma Matéria publicada no jornal The Guardian em 14/12/2012 mostra que o Banco Mundial no mesmo mês de novembro de 2012 em que publicou um relatório devastador sobre por que não podemos deixar o planeta aquecer mais de 4oC acima das temperaturas médias globais anteriores à revolução industrial, considerava financiar uma nova usina termelétrica a carvão de 750 MW na Mongólia por meio de seu braço de financiamento privado, a International Finance Corporation. A usina moveria a operação Tolgoi Oyu que já está sendo considerada a maior mina mundial de cobre e ouro, um projeto de US$ 13,2 bilhões da mineração Rio Tinto.

A queima de carvão é a forma mais poluente de geração de eletricidade, 50% mais que o já muito poluente óleo combustível derivado de petróleo e quase 100% mais que o gás natural, segundo a agência norte americana de informação sobre energia.

É inacreditável que o financiamento subsidiado à energia fóssil continue acontecendo como se a ciência e o próprio planeta não estivessem sinalizando com frequencia e intensidade cada vez maiores a realidade das mudanças climáticas perigosas futuras (mas nem tanto) provocadas pela atividade econômica humana. Um Relatório do World Resources Institute de novembro de 2012 mostra que o Banco Mundial aumentou os empréstimos para projetos de combustíveis fósseis e carvão nos últimos anos de maneira que atualmente injeta US$ 5,3 bilhões em financiamento para 29 projetos de expansão ou de novas usinas de carvão.

No Brasil, 2,2% da capacidade de geração instalada estão em usinas termelétricas de carvão mineral. Parece pouco, mas são 2,3 GW, mais que os 2,0 GW das usinas nucleares de Angra I e II.

O relatório do WRI cita duas novas usinas em construção no Brasil, pela MPX de Eike Batista, com potência de 720 MW. A própria empresa, no entanto, informa sobre mais projetos em andamento: Itaqui em São Luiz do Maranhão com Licença de Instalação concedida para 360 MW ; Pecém a 60 km de Fortaleza com 720 MW ; e Açu I com licença de instalação definitiva de 2.100 MW em São João da Barra, no Rio de Janeiro.

Uma vez prontos estes projetos adicionarão 3,2 GW sujos à matriz energética brasileira, o que pode representar um acréscimo anual de 5,9 MtCO2e - ou 0,3% - na emissão anual de gases de efeito estufa do país.

Publicado orginalmente no boletim do Instituto Vitae Civilis

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