terça-feira, 4 de novembro de 2014

Perda de Espécies, falta d'água em cidades e aumento do custo da energia elétrica são impulsionados pela devastação da Amazônia



Mais de 20% da área original da Floresta Amazônica já foi destruída. Na última década o governo federal conseguiu minimizar o problema, mas a devastação ainda acontece a uma razão de mais de 1.300 km2 por ano. Ou seja, uma área equivalente à do município de São Paulo é devastada todos os anos na Amazônia.

A emissão acumulada de gases de efeito estufa que vem do desmatamento é a principal causa do Brasil ser hoje classificado como o 4º maior responsável pelo aumento da temperatura global.

Para a biodiversidade, o desmatamento e a consequente perda de habitats são fatores de estresse adicionais às já observadas mudanças climáticas globais. O relatório síntese da 5ª avaliação do IPCC lançado no último dia 2 de novembro mostra que existem nove chances em 10 de que uma grande fração das espécies esteja se defrontando com aumentos no risco de extinção devido às mudanças climáticas, especialmente quando estas interagem com outras fontes de estresse. As plantas não conseguem se mover rápido o suficiente de modo a acompanhar as taxas atuais e projetadas de mudança no clima das diferentes paisagens.

Além de contribuir para a mudança do clima do Planeta, o desmatamento da Amazônia contribui para a falta d'água em São Paulo e em muitas outras cidades do Sudeste e, também, para o aumento dos preços da energia elétrica.

Isto ocorre porque cada árvore da floresta Amazônica bombeia 500 litros de água por dia para atmosfera por meio da evapotranspiração. Juntas, as 390 bilhões de árvores de 16 mil espécies diferentes existentes na Amazônia bombeiam 20 bilhões de toneladas de água por dia para atmosfera, mais água do que o Rio Amazonas despeja diariamente no Atlântico, criando verdadeiros “rios voadores”.
Estes rios voadores se transformam em chuva nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, no Paraguai, parte da Bolívia, da Argentina e Uruguai. Estudos do meteorologista Pedro Silva Dias, da Universidade de São Paulo, mostram que até 70% da precipitação que ocorre em São Paulo na estação chuvosa depende do vapor d’água amazônico.

Quanto maior o desmatamento menor o número de árvores que fazem este bombeamento e menos chuva cairá. Sem chuva, os reservatórios ficam vazios, as torneiras secas e mais e mais termelétricas precisam ser acionadas para compensar a hidroeletricidade não gerada nos reservatórios.
No último período chuvoso, do final de 2013 ao início de 2014, os rios voadores não chegaram a São Paulo e o nível do Sistema Cantareira, o principal manancial de abastecimento de água da maior região metropolitana do país, atingiu no dia 11 de outubro de 2014 o menor nível da história - 5,1% de sua capacidade de armazenamento -, mesmo contando o ‘volume morto’ do sistema nunca anteriormente computado. Calculado nas mesmas bases, o nível do Cantareira há um ano era 57,8%. Com isto uma população de mais de 20 milhões de pessoas vê ameaçado seu fornecimento de água.

Mas esta não é a única consequência para os cidadãos. O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste fizeram o preço da energia elétrica no mercado de curto prazo ultrapassar R$700 por MWh, sendo que a média histórica deste preço é menor que R$ 100 por MWh. A principal razão disto é a entrada em cena das termelétricas de reserva, que emitem muito mais gases de efeito estufa e têm custos de geração de energia bem maiores. Como isto não estava previsto, o governo federal intermediou empréstimos para as empresas geradoras junto a um grupo de bancos que já chegam a mais de R$26 bilhões, conforme avaliou o ministro José Jorge do Tribunal de Contas da União (TCU).

O impacto destes aumentos de custos sobre a tarifa de energia elétrica é ainda controverso. Ele é estimado entre 20% e 25% por Walter de Vitto, da consultoria especializada Tendências, e em 2,6% por Márcio Zimmermmann, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia.
E devem aumentar ainda mais os custos para os consumidores de eletricidade: em meados deste ano Hermes Chipp, diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), afirmou que as usinas termelétricas deverão ficar ligadas até o final do ano. Isto porque, segundo projeções do ONS, os reservatórios das usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste devem chegar a 18,5% em novembro, caso as previsões meteorológicas se confirmem. Em qualquer caso as termelétricas permanecerão ligadas, segundo Chipp, com o objetivo de garantir o armazenamento, não deixar cair demais o nível dos reservatórios e dar alguma tranquilidade ao ONS.

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